domingo, 1 de maio de 2011

Preocupo-me demais com o tempo
e olha que ele me pertence!
Vejo o tic-tac correndo solto e sou impelido
a prendê-lo num relógio
que não me traz sentido
e me traz muito cansaço
descompasso
marcado por uma vontade de
desfrutar o sabor anímico
de um raio de sol a dourar o
espaço
abstrato repleto de ar puro
e que não se importa se ilumina ou não
e por isso
exatamente por isso
nada além disso
faz com que sua luz alcance imensidões

Fútil Amor!
Complicado, restrito, abusado
que se ergue como
o edifício principal e redentor
Frágil Isopor!
que se insensibiliza com um torpor
degradante
mitificante
Aberto no desejo
impresso em quase toda alma
de ser seguro
e dono do que,
na verdade,
por esse deslocamento da realidade
deixa-se perder em uma prisão
estável, sonhada como imutável
e ilusionada como conquista inabalável
que me repugna
por marcar e me ordenar
o que tenho a fazer neste instante

Ah!
Como seria bom seguir os instintos
e fazer o que se quer no momento exato em
que se quer
Agora não é hora!
Dizem-me todos os seguidores da ditadura do tempo pré-estabelecido marcado
Deise para depois!
Em coro pronunciam
E se o desejo passar?
Não quero mais a sopa quente e nutritiva
e sim um sorvete de baunilha

O meu gosto já não é o mesmo
daquele do momento preciso em
que desejei a sopa

Mas não era a hora!
Ora bolas!
Hora, horário

Não sou uma peça de uma engrenagem repetitiva que conta os segundo
desde o início
para construir
e definir o que se encontra
como
o Fim