sábado, 2 de julho de 2011

Sinto-me caído em um sonho de Buñuel
com paisagens delirantes de Salvador Dali
esqueço meu nome e grito contente com um transeunte cadáver
que recorta a minha sombra e derrete relógios
e destrói o tempo
Uma mariposa nasce e formigas constroem túneis
fico sem minha mão e brigo comigo ao ver
minhas atitudes meus desejos minha paralisia

Não suporto o desprezo mas corro para a rua e caio
minhas roupas foram jogadas fora e uma multidão se formou
Não quero mais nada repinto sons e as cores voltam
Acordei, é certo, mas o que vale tudo isso
despisto meu desejo e componho uma canção
faço dessa religião um novo (des)compasso
O cansaço chegou: viva!
Mortos podres pobres mortos podres que invadem sonhos alheios
(des)enterraram uma caixa que estava bem
Estacionada no fundo de um inconsciente bem (in)(e)estável
Coveiro distraído que não protege seus pertences
Resistência!
Gosto de palavras de ordem por sua específica (in)utilidade
e que fica ecoando em gritos em gritos em gritos...
não reconheço meu (auto)retrato elitizado
pois já não são meus olhos que sorriem

Te vi correndo na praia esperando a próxima onda
que se aproxima com a primavera entre os dentes
enchentes!
Cheio de esperanças vazias joguei fora meus sentimentos
e rompi um lacre (in)desejável
e morri arrastado por um louco instável que se encontrou consigo mesmo

Uma música constante toca no ar
e perdi minha boca minha voz



16/06/2011

Um comentário:

  1. Normalmente as poesias que coloco nesse blog são mais antigas, que já digitei. essa poesia eu fiz recentemente, ou seja, tem bem o meu jeito atual de escrever. espero que vejam e gostem!

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