quarta-feira, 20 de maio de 2009

DIVERGÊNCIA EXTERNA

DIVERGÊNCIA EXTERNA

Faz-se um dia sombrio
sóbrio, não permiti que estendesses tua rede a meu lado
Cansado, desisti da incoerência da produção
e percebi, perplexo, a imperícia do mundo
Perplexo, como alguém que não sai de seu lugar impróprio
e desanda a chorar por timidez
ou, quem sabe, por covardia

Em um estádio lotado deixei meu corpo
e observava incrédulo e tenso as águas caudalosas deste rio
inapto que julga-se o máximo
As margens delimitam exatamente
o que se pensa ser o único caminho provável
Não mais me vi obrigado a marchar submisso
por entre um mar de ilusões e possibilidades
Ainda prefiro ser filosófico e poético
a ter que comprar um item inútil novo
Repasso meu grito
Ridículo, me vejo frente a meus semelhantes
mas, ainda assim, sigo meu ritmo lento pensante

Desafio conceitos consagrados e estrago relacionamentos
com essa impetuosidade de não se convencer facilmente
Acabo, por fim, meditando solitário
por entre nuvens brancas de concreto
Acerto uma marcha desigual
cheia, porém fantasiosa
e uma lápide que mirei
funciona como uma alavanca imprópria
para um sopro que alcancei
03/02/2004

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